Talvez por conta do tema do filme (perda de um filho), voltei pra casa e lembrei de um poema que escrevi anos atrás. É sobre meu filho, que ainda não existe. Toda vez que leio algum texto meu tenho vontade de mudar, mas por uma questão de conceito, resisto. Segue abaixo o texto original, do jeito que deixei em 2002, quando o escrevi. Espero que gostem...
Bambino por vir
— Para meu filho (em fase de pré-projeto)
ele é gordinho e levado,
como o pai infante,
o rosto redondo e corado,
como do pai adolescente,
a pele branca, alabastro,
como do pai de sempre...
(da mãe lhe são os olhos d’água
e tudo que traz dentro do peito e cabeça...)
adora música
(herança congênita ou genética?),
e sorri em minha direção,
depois da fralda limpa,
sorriso lindo,
alegria como dentes pois estes não os tem,
e me abraça apertado,
como o nó que me põe na garganta
quando pronuncia (errado) meu nome
ou quando dança (desengonçado) ao meu som preferido...
ele é forte —saúde férrea!
é valente —coragem de aço!
é lindo —beleza cristalina da pedra mais preciosa que houver...
é tudo isso e mais aquilo que exista
de bom,
de positivo,
de sublime,
pois é meu filho!
que ainda não vive,
não habita minha casa,
nem me tira o sono na noite em que deste mais preciso...
pode ser o oposto do que digo ser,
ser até o contrário do que quero crer,
pode mesmo não ser ele, mas ela,
e ainda será divino,
o perfeito bambino,
que um dia pretendo ter...
(por hora,
é ele que me beija a testa antes de eu ir dormir...)
São Paulo, 22 de Outubro de 2002
5 comentários:
Jackety-do-céu! eu tiiinha um coração que acabou de virar carne moída (de mince) nesse post aqui.
que lindo giacca!
mais um daqueles que eu vou ficar relendo mil vezes. igual o da bisavó desse bambino aí...
é... Uma vez Giachetta, sempre Giachetta.
Show de bola!
Q "fofo" Gicca.
Curti muito.
Postar um comentário