quinta-feira, dezembro 25, 2008

Essa é pra acabar...

Deve ser o último post do ano. E será composto apenas de citações. Coisas pra pensarmos em 2009, ou não. Mesmo se não fizerem o menor sentido, ficam bonitas no blog...

Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.

- William Shakespeare

Quem ama extremamente, deixa de viver em si e vive no que ama.

- Platão

Um dos melhores meios de despertar o desejo de trabalhar sobre si mesmo é tomar consciência de que a gente pode morrer de uma hora para outra. E isso, é preciso aprender a não esquecê-lo.

- G. I. Gurdjieff

Lembre-se do exemplo de uma velha vaca,
Feliz da vida por dormir num celeiro.
Você precisa comer, dormir e defecar –
Isso é inevitável –
E tudo mais já não lhe diz respeito.

- Patrul Rinpoche

Altas e baixas

Pra terminar bem um ano não tão bom, fiz algo que há tempos não fazia. Fui ao pronto-socorro. E em plena noite de Natal.

Como sempre tem acontecido nos últimos anos, jantei na casa de minha tia, bem antes da meia-noite, e depois iria à casa do meu irmão, pra uma segunda ceia e ficar lá noite adentro.

Duas novidades neste ano. Primeiro, uma chuva imensa quase inviabilizou a entrada dos convidados na casa do meu irmão. Segundo, uma dor abdominal imensa me impediu de ficar na casa do meu irmão e voltei pro meu apartamento. Lá, dor forte e 40 graus de febre me fizeram ir ao pronto-socorro do Alvorada, passar um Natal diferente.

Pai, irmão e amigos, preocupados e atenciosos, ficaram me ligando a cada 15 minutos pra saber como eu estava. Eles haviam ficado na casa de meu irmão, à luz de velas (a chuva levou embora a energia elétrica). E eu também estava bem, tomando buscopan na veia, aguardando o resultado dos exames (sangue, urina, raio-x e ultrassom).

Quando ligavam, eu falava que não precisava de nada (e de fato não precisava), que estava bem (e de fato estava), pra evitar que eles fizessem uma viagem desnecessária e desagradável ao hospital.

Ao meu lado, no ambulatório, uma rapaz mais ou menos da minha idade, mas muito mais prostrado, fazia a mesma bateria de exames. Nossos resultados chegaram juntos:

- Sr André, eu vou internar o senhor. O cálculo parece estar se movendo, mas acho que o senhor não vai ter condições de ir pra casa.

- Sr Marcio, seus exames estão normais. As via biliares parecem dilatadas, sua febre cedeu, não há motivo pra eu manter o senhor aqui. Se voltar a sentir dor, tome dipirona. Se persistir, o senhor terá de investigar. Estou liberando o senhor pra terminar o Natal em casa.

E lá fui eu. Avisei a meu irmão pra qua acalmar a todos. Mas meu pai já havia saído e chegou ao hospital quando eu estava no caminho de volta. Tentei não fazê-lo, mas acabei proporcionando a todos um Natal bem menos alegre.

Dos males o menor. Afinal, se eu estivesse na situação do André, teria problemas pra embarcar hoje pra Espanha. Viva ao buscopan e às empanadas! E um grande Viva à família e aos amigos, que estão sempre lá, mesmo quando a gente nem precisa tanto!

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Pensei... no Natal...

A gente nunca sabe se as frases que circulam na internet atribuídas a determinadas personalidades são fato ou invenção. Mas neste caso, mesmo se for mentira, a citação é boa e digna do autor ao qual se lhe atribuem a autoria.

O pretenso autor é o Dalai Lama, comentando sobre a indagação que lhe teriam feito sobre o que mais lhe surpreendia na humanidade. Após refletir, o líder espiritual teria sapecado:

Os homens. Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. Porque por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente, nem o futuro. E porque vivem como se nunca fossem morrer, mas morrem como se nunca tivessem vivido.

Fiquei mal... fiquei bem! Grande Dalai!

terça-feira, dezembro 23, 2008

É quase um Nike, mas o falsificado não serve pra correr...

Sou da geração que conheceu a "Promocenter" na adolescência. Um paraíso de eletrônicos de segunda, made in China ou arredores, que funcionavam quase sempre, quase igual ao original, por um preço bem aquém. E justamente por ser muito mais em conta é que as pessoas pagavam pra ver.

Mas a Promocenter não era um paraíso de eletrônicos. Era uma sucursal do paraíso e, como acontece nas unidades estendidas de alguns serviços, a qualidade era distendida (ou seja, inferior). E não é à toa que todo mundo que comprou numa "sucursal" tem sempre uma história desagradável pra contar, que começa com "uma vez numa daquelas lojinhas de muamba" e termina com "eu queria matar o china fdp!".

Esse hábito de replicar tecnologia a custos infames e vender para a classe média sem recolher impostos não é exclusividade dos chineses, coreanos, tailandeses, singapurenses que vivem no Brasil. Isso acontece em todas as cidades que têm uma "China Town". A presença global garante a escala e o fato de serem descendentes dá certa proteção ao negócio e viabiliza um tipo de comércio fundamentado em um conjunto de leis de fazer tremer qualquer docente de Marketing. Náo há garantia, não se pretende fidelizar o cliente, não há preocupação com marca, não se pretendem cumprir as obrigações fiscais, legais etc.

Ao meu vez, o maior problema desse modelo não está na ponta do consumidor e sim na do legado para o país produtor. Quando o rádio quase bom quebra, a gente amaldiçoa o china, joga fora e compra outro, numa loja, com nota fiscal, a um preço honesto. Mas na outra ponta, os chinas criaram uma inércia que só funciona na base do copia-e-faz-mais-barato. Pouquíssimos chinas dessa cadeia produtiva foram estudar eletrônica pra desenvolver produtos e competir dignamente. O inglês joga o rádio chinês fora e compra um rádio inglês que funciona. O china não tem substituto de qualidade.

Fiz esta exposição toda pra comentar um fato, que na minha análise de botequim, é um efeito do legado acima descrito, presente na mídia hoje.

Em 2000, os ingleses criaram aquela que foi a maior roda gigante do mundo (135 metros de altura), a London Eye. A obra levou 3 anos pra ser construída e obrigou os engenheiros ingleses a desenvolverem tecnologias específicas para garantir que a roda, a primeira com cabines externas à estrutura de sustentação, funcionasse ininterruptamente e com conforto. Os engenheiros conseguiram e após 8 anos em funcionamento, a roda só parou para manutenções programadas, sem acidentes.

Neste ano, os singapurenses resolveram imitar o feito. Construiram uma cópia da London Eye, com 30 metros a mais de algura. Afinal, não basta imitar o original, é preciso oferecer algo a mais (no caso do rádio é o preço menor; no caso da roda gigante, é a altura aumentada). Mas aparentemente os engenheiros de Singapura sofrem do legado industrial do negócio baseado em imitação e não parecem ter sido capazes de copiar com qualidade.

Após apenas 8 meses de inauguração, a Singapore Flyer já apresentou 3 defeitos, envolvendo risco para os usuários. No de hoje, 170 pessoas ficaram presas durante 6 horas, tempo que a equipe de emergência precisou para remover as vítimas.

Assim como eu aprendi a não comprar rádio na Promocenter, vale a pena questionar os passeios no mundo da imitação. Se eu visitar Singapura, tiro foto à distância da roda. Em Londres, entro sem medo no brinquedo (novamente, por sinal). Afinal, o Nike falsificado é bom pra ver, mas não serve pra correr de verdade...

Giachettada Edipiana

Na linha da piada pronta sobre a estrela pop que esteve estes dias no Brasil, faltou uma consideração óbvia sobre seu relacionamento com um jovem brasileiro:
a Madonna podia ser mãe do Jesus...

terça-feira, dezembro 16, 2008

Conversas com a Fräulein

Vida de solteiro tem revéses. Um deles é que apesar de ficar pouco tempo em casa, o solteiro continua precisando de uma empregada, faxineira ou - como no meu caso - uma Fräulein.

Costumo chamar minha faxineira, cujo nome verdadeiro é Miriam, como Fräulein porque no início ela costumava demandar mais atenções do que estou acostumado a dedicar a qualquer pessoa, incluindo eu. Precisava saber o que eu queria que fizesse, como, obter consentimentos sobre horários e dias da semana em que trabalharia, queria se comunicar comigo.

Com o tempo, ela percebeu que não haveria problemas com relação ao dia da semana e horários, já que eu nunca estou lá pra verificar. Combinamos um nível de serviço esperado, que ela tem mantido quase regular. Mas continuava pendente a demanda por comunicação.

Pra resolver isso, estabelecemos, de forma tácita e ocasional, uma comunicação remota, assíncrona e informal, através de um moderno e sofisticado meio: um caderninho que fica sobre a mesa da sala. Nele, a 'governanta' manifesta suas ordens e eu justifico minhas ineficiências. E assim vamos levando.

Longe de mim querer ridicularizar as definiências de educação da Miriam, que se esforça ao máximo para escrever de forma compreensível. Mas com freqüência, os textos são hilariantes, menos pela forma que pelo conteúdo. Agora, às vésperas do Natal, trocamos anotações bastante ilustrativas da graça dos textos, que passo a transcrever...

marcio não esqueça minha caixinha de natal quem sabe eu mereça obrigado mirian


Achei sensacional essa idéia de iniciar a frase cobrando e terminar com a ressalva de verificar se tem cabimento o pedido. Uma forma eficiente de fazer um statement sem querer ser demasiadamente impositiva.

Respondi por escrito, no caderno:

Mirian, sua caixinha está junto com o pagamento. Venha semana que vem, depois volte somente no dia 06/Jan. Obrigado.


Sei que é estranho cancelar a faxina em cima da hora, mas vou viajar, ficar 2 semanas fora, prefiro que ela nem venha.

Hoje, o comentário foi ainda melhor:

marcio obrigado pela caixinha e semana que vem eu vou vim na segunda porque na terça e vou para a mulhe que eu vou na quinta por causa do natal pode ser não mim ligue 4xxxxxxx
lave as roupas para mim passa na segunda
Deus ti abencoi mais e mais
compre candida


Qualquer mulher que leia este recado, a definiria como "fofa", por conta do "mais e mais". E se eu soubesse o significado da expressão "fofa", eu concordaria. Ela foi mesmo simpática, mesmo terminando a mensagem com um "ah, lembrei de pedir algo que tava faltando". Coisas que o editor de texto resolveu nas nossas vidas, mas que no modo anacrônico de conversação são inviáveis...

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Viva "Sapata"!

Eu sei que o mundo enlouqueceu completamente. Sei que o Bush não é, nem nunca foi, flor que se cheirasse. Sei, ainda, que os árabes, com todo respeito do mundo, têm formas no mínimo alternativas de expressar suas emoções - que vão da explosão suicida à decapitação à frio...

Agora, vocês hão de convir comigo que sapatada é demais! Mesmo no Bush! Dizem que é uma das maiores ofensas que um árabe pode fazer a alguém. Por que não mandaram um carregamento de sapatos sobre as Torres Gêmeas, então? Teriam poupado milhares de vidas e seria um insulto enorme para os americanos, um verdadeiro pé na cara! - perdão, não consegui conter o trocadilho.

Pela destreza do presidente, achei inclusive que o Bush já devia estar esperando várias botinadas dos jornalistas, já que ele está sendo expulso a pontapés de Washington. Mas duvido que os demais presentes da comitiva estivessem contando que um muçulmano com credenciais de imprensa iria ter a coragem de meter os pés pelas mãos e agredir o chefe da Casa Branca daquela maneira... sorry, mas os jogos de palavras são inevitáveis...

Mas enfim, bons tempos em que o império americano só tinha que se preocupar com o revolucionário mexicano Zapata! Agora, as revoltas vêm a passos largos! E com o apoio maciço das mulheres, sobretudo as de burca, pois todas reconhecem que o jornalista revoltado tinha sem dúvida alguma uma enorme pegada!

domingo, dezembro 14, 2008

Escrever pra lavar a alma

Folheando um livro que li durante o mestrado (A condição humana, Hannah Arendt) encontrei mais uma explicação para o fato de eu gostar tanto de escrever...

"Todas as mágoas são suportáveis quando fazemos delas uma história ou contamos uma história a seu respeito."
- Isak Dinesen.

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Lembrei da velha

Nestes últimos dias lembrei algumas vezes da minha avó materna, a vó Rosa, como costumávamos chamá-la.

Ela nasceu no navio que trouxe minha bisavó da Itália, em remessa distinta daquela de meu avô. Foi parar num orfanato, aprendeu a ler bem cedo e sozinha, por teimosia e ironia de um destino que não lhe punha medo.

Pariu pela primeira vez aos 16 anos e teve 6 filhos num intervalo de uns 30 anos. Por isso, meu tio Líbero, o único homem dentre a prole, era mais velho que minha mãe, a caçula, a ponto de lhe ter servido de irmão e às vezes pai, substituindo o verdadeiro que morreu quando minha mãe era menina.

Lembrei de frases que minha vó não cansava de repetir (até porque acho que não percebia que vivia repetindo):

- "Gavião que pega o pinto, pega o galo, que eu quero ver! O pinto não sabe nada, mas o galo dá o que fazer..." - esta ela cantava, sempre que via alguém abusar da vantagem física.

- "O mangiare questa minestra, o saltare dalla finestra", empregada quando alguém demonstrava qualquer tipo de frescura.

Mas a história campeã de audiência era um diálogo entre mim e ela, de quando eu tinha uns 8 anos, que foi motivo de alegria pra minha avó até o fim da sua (longa) vida.

- Vó, uma pessoa pode viver 120 anos?
- Ah, Marcinho, é difícil, mas pode...
- Então, a senhora vai...

Ela quase foi. Mas cansou antes, aos 103.

terça-feira, dezembro 02, 2008

España, ahí me voy

Sim, em tempos de crise, uma decisão sábia: viajar para a España e gastar em euros, só pra dar emoção. E com passagem paga, já que minhas milhas existiam em quantidade suficiente para cobrir a passagem, mas somente depois de 2034. Mas isso foi apenas um complemento ao baixo que comprei (sim, brinquedo novo).

Mas isso tudo é detalhe, perto do fato que vou conhecer Granada, Sevilha, Alhambra, Cadis, Malaga etc. Mais um "pico" pra lista e desta vez sem trabalho nenhum durante 8 dias... sensacional!

Bom, euforia à parte, se alguém precisar de um consultor particular para investimentos é só falar comigo. Sei tudo sobre o assunto...