quarta-feira, abril 14, 2010

Saint Charles

Esta semana estou participando de um treinamento sobre como fazer negócios, patrocinado pela Accenture. É um curso que nos coloca à prova em simulações bastante realistas de situações comuns no nosso dia-a-dia: como entender os clientes, como reagir em situações adversas, que postura adotar diante de situações constrangedoras, etc. Um treinamento muito bem estruturado, interessante e útil no meu trabalho.

Mas a parte que mais merece destaque é o fato de ser num centro de treinamento global, que fica na cidade de Saint Charles, subúrbio de Chicago. A localização e o fato de a empresa ser norte-americana dão o tom das atividades: muitas simulações de vendas de projetos de consultoria, com interlocutores que são do C-Level de empresas americanas e se voluntariam a participar como "coachs" nesse treinamento.

A barreira cultural e da língua se somam aos demais desafios do curso. Em minha sala, há uma maioria de estadounidenses, muitos ingleses, alguns australianos e irlandeses, além de uma minoria de outros países (Cingapura, Índia). Eu sou um dos poucos da sala que não são nativos no idioma e acabam perdendo um pouco de informação nas interações. Eu até que falo bem o Inglês (e os nativos comentam isso), mas tenho um "handicap" natural por vir de outra cultura e não ter nascido falando inglês.

Ontem, durante uma das reuniões com um "cliente", o CIO de uma montadora americana, achei que tive um ótimo desempenho. Ao sair da sala, meus colegas que assistiram a simulação me cumprimentaram dizendo que havia sido muito boa minha atuação. Logo em seguida, fui chamado pelo "cliente" para fazer uma sessão de feedback. Ele olhou pra mim e disse que parecia que eu não estava natural, que estava processando algo na minha cabeça enquanto falava com ele e isso tinha passado falta de credibilidade. Em resumo, eu tinha falhado, em grande estilo e não tinha sequer notado (e meus colegas também não).

Ficou o aprendizado de que nas interações humanas, a percepção é a verdade. E nem sempre conseguimos expressar o que temos de melhor e ser entendidos claramente. Achei que tinha arrebentado e numa situação real num cliente, eu teria iniciado um processo irreversível. Relacionamento é tudo, em qualquer lugar do mundo.

E o "cliente" ainda me disse, pra terminar de me esculhambar: "e não use a barreira da língua como desculpa, porque você fala inglês melhor do que muitos nativos que eu conheço. Quando estiver na sala, falando comigo, deixe qualquer outro pensamento do lado de fora". Lição aprendida (ou não).

6 comentários:

Lavi disse...

#fail

Duda Camargo disse...

Pô, pra mim a pessoa que tá processando alguma coisa na cabeça passa a ideia de alguém que tá pensando enquanto fala, não falta de credibilidade. Manda esse cara ir cagar ou ir chupar meia (to caging or chuping half)!!! :o))

Silvinha disse...

isso é estranho mesmo, giacca. se o cliente fosse uma moça eu saberia exatamente que tipo de pensamentos paralelos estariam ocorrendo...

enfim... pelo menos está mantida a tradição de ser detonado em feedbacks.

não?

tooooooooooco!

naninha disse...

mimimi

giacca, synbad, tchuca... disse...

ok, ok, já passou. foi uma rápida crise existencial. e só pra dar um update, meu time (de um total de 18 times, sim, coisa de americano) está altamente cotado para ser o vencedor. parece que eu caguei um pouco (i caged a pok), mas nós recuperamos (we recupered).
amanhã saberei se foi um toco, quasi-toco ou pseudo-toco, afinal. de qq forma, shit heappens mesmo. vou mandar o cara to chup half, como sugere o Duda.
agora, sil, vc realmente levantou um ponto interessante: por q eu continuo me abatendo diante de maus feedbacks? eu ja deveria estar acostumado, ne nao?

Lavi disse...

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