quarta-feira, maio 27, 2009

Coming soon: new posts

Agora, só vou conseguir postar no fim de semana.
Esta mensagem será a mais curta - praticamente um twitter.

terça-feira, maio 19, 2009

Esta noite será um teste

Vamos ver se o tarja vermelha que meu psiquiatra recomendou funciona. Não é nada demais, é apenas um indutor de sono. Para os dias em que a ansiedade me faz querer pular a noite e continuar logo no dia seguinte, embora eu quisesse mesmo é estar no mês seguinte, quando tudo que está em processo (lento) de execução atualmente já terá terminado. Paradoxalmente, a ansiedade não me faz mais eficiente, nem me dá mais energia pra conseguir superar as dificuldades. Ela só atrapalha, tira o sono, tira o ânimo, o sabor das coisas. Nos dias de agonia ansiosa (como hoje), vem uma sensação de frustração, de pequenez, de fome, de que o tempo está voando e eu fiquei inerte, de que eu não consigo fazer as coisas direito. E mesmo sabendo que normalmente faço melhor que outros pares, continuo me achando mediocre. Ah, vermelhinho, hoje é a prova dos nove...

Ganhei (perdi) meu dia...

Já que o "blog é o novo divã" (plagiando uma amiga minha)...
Já que quando o urubu resolve sentar no nosso ombro a gente tem que esperar ele terminar de cagar...
Já que uma desgraça nunca vem só...
... deixa eu aproveitar pra desabafar as mágoas de uma vez!
Quem sabe se assim eu amanhã levante melhor...

É que eu perdi de novo esta semana. Como diz o ditado: "azar nos negócios, desgraça no amor". A mulher que eu havia planejado, durante a semana passada, encontrar nesta semana após longa data, teve de viajar pro Rio e passar a semana toda. Tivemos alguns desencontros como esse antes e ela costuma se casar nessas ocasiões. Não é só nas negociações imobiliárias que eu perco o timing.

E pra encerrar de vez esta safra de azares, vou citar o poeta (Drummond*):

Ganhei (perdi) meu dia.
E baixa a coisa fria
também chamada noite, e o frio ao frio
em bruma se entrelaça, num suspiro.

(...) eis que assisto
a meu desmonte palmo a palmo e não me aflijo
de me tornar planície em que já pisam
servos e bois e militares em serviço
da sombra, e uma criança
que o tempo novo me anuncia e nega (...)


(*) Trecho de "Elegia", poema clássico do autor, que sempre lembro quando o corvo pousa no meu ombro. Pois é, minha memória tem flashes de uma época em que ela funcionava bem...

Perdi

Eu sou péssimo em negociações, tenho que adimitir. Sou ruim em outras tantas coisas, mas acho que não levo jeito mesmo nessa arte de obter vantagens através da argumentação.

Há 3 semanas comecei a negociar a compra do apartamento acima do meu. O prédio é bom, as vagas também e o apartamento estava lindo. Precisava de uma reforma, mas não seria muito longa ou dispendiosa.

Eu fiz aquilo que reza a cartilha da negociação: defina seu limite, ofereça menos pra chegar onde você quer, pra fazer uma concessão encontre um bom argumento, derrube os exageros do seu interlocutor com fatos concretos.

Até hoje às 20hs eu estava convicto que tinha feito tudo certo. Eu havia feito uma proposta pouco abaixo do que o vendedor queria. Senti que ele esteve perto de dizer sim, mas queria tentar algo melhor. Eu, pra ser sincero, poderia ter pago o que ele pedia, mas achei que estava exagerado e confiei no meu poder de barganha.

Meus planos eram fazer mais uma rodada de oferta, desta vez pra fechar. Só esqueci de combinar com o resto do mundo: nesta semana apareceu alguém que achou que valia a pena pagar o que o ex-proprietário pedia.

E me deu uma sensação de derrota, porque agora que sei que alguém ofereceu o preço pedido, não consigo acreditar mais na hipótese de que este comprador seja um mal negociador, mas apenas na de que eu fui demasiadamente ambicioso ou lento.

Ouvi ruidos de móveis sendo arrastados, preguinhos sendo colocados na parede. Indícios de gente feliz no lugar em que eu cheguei a planejar a decoração. Sorte para o novo morador.

Parto enquanto é tempo...

Diante de grandes desafios, eu sempre usei as expressões "parto de lagosta" (imaginando a dor que o crustáceo-mãe sentiria com aquele monte de patinhas beliscando as paredes do orifício de saída), "parto de cócoras" (pensando na humilhação da posição, embora digam que há benefícios nesta escolha) ou "parto de porco-espinho" (por razões óbvias, já que a saída do feto cravejado de pontas não deve ser nada agradável).

Hoje inventei mais uma: "parto de elefante". Esta expressão não é tão óbvia já que embora o neonatal tenha 100 kg, a mãe tem 4 toneladas. Mas é que descobri hoje que o parto de elfante dura 38 horas (ou pelo menos este durou, e foi televisionado)! Ou seja, quando o desafio for daqueles que parecem que não vão acabar nunca, podem sapecar sem cerimônia: "mas que parto de elfante, cacete!".

sexta-feira, maio 15, 2009

Em busca da terapia ideal*

A sala do terapeuta se abre, eu entro. Após um rápido cumprimento formal, pois é a primeira consulta, eu me sento na cadeira em frente a ele.

- Então, eu vim procurar terapia porque...
- Não precisa dizer mais nada, Marcio. Eu tenho aqui uma pílula. Você precisa tomar uma destas a cada 12 horas, durante 4 dias seguidos. Ao término do tratamento, todos os seus problemas estarão resolvidos. As angústias, esquecidas. As dúvidas, apaziguadas. As inseguranças, superadas. E as necessidades, atendidas, como num passe de magica.
- Poxa, muito obrigado!
- Ah, e by the way, vc me deve 39 reais pelo tratamento.


(*) Não adianta o D2 vir atrás de mim falando em plágio, que eu não mudo o título deste post...)

segunda-feira, maio 11, 2009

Feliz dia das mães!

Registro tardio, mas merecido, dos meus mais sinceros desejos de felicidade ampla e irrestrita àquelas mulheres que nos dão a luz, nos ensinam a comer, a andar, a entender a vida. Nos mostram a diferença entre bem e mal, o que fazer e o que evitar. Existimos e somos homens porque elas existem e cuidam de nós a vida toda, mesmo quando estamos sozinhos.

E à minha querida mãe, que já não habita este mundo há tempos, um grande beijo daquele menino risonho e hiperativo que nunca lhe deu sossego e sempre lhe amou velada mas profundamente.

Feliz dia das mães!

sexta-feira, maio 08, 2009

Fun fact of the day

Eu estava indo ver o 15o apartamento à venda em Moema. Tinha acabado de visitar um junto com o corretor chileno, guiado pelo próprio morador (que ainda é morador). Notei e comentei com o dono que pra mim seria melhor reformar, fazer uma suìte, criar um lavabo, abrir a cozinha e um quarto, pra ficar com uma sala grande e cozinha americana. A respota do proprietário foi: "é verdade, igual ao que está fazendo o meu vizinho aqui do lado, que está reformando. Acho até que dá pra você ver".

Fomos ao apartamento ao lado, sem ninguém, mas que estava aberto. Batemos na porta, entramos, demos uma olhada. O comentário geral foi: "vai ficar bem legal este apartamento". Mas resolvemos sair logo, afinal não tinha ninguém lá, pegava mal ficar entrando assim sem mais, nem menos.

No térreo, quase na portaria, avistei uma pessoa conhecida. Ela me avistou, com cara de quem me conhecia e não acreditava no que via. Quase ao mesmo tempo dissemos: "você aqui?". Era a Marisa (do Kaká) e o apartamento do vizinho que nós visitamos sem autorização é o do Beto. Coisas de um mundo pequeno (ou
de uma Moema menor ainda).

Agora, já pensaram se depois de tanto olhar apartamento eu acabo virando vizinho do Beto? Acho que o QG geral do grupo vai deixar de ser no Paraíso e vai migrar pra Jauaperí! rsrs... Pensei...

segunda-feira, maio 04, 2009

Sobradinho

Eu sei que existe uma explicação meteorológica qualquer. A ciência explica tudo (boa parte, só depois que acontece). Mas tá bizarro esse negócio de seca no Sul e enchente no Nordeste. Ah, e de quebra um vendavalzinho de 80Km/h no Sudeste (São Paulo), com direito a árvores sobre os parabrisas e uma dor de cabeça enorme pra convencer o seguro a pagar o estrago. Sem contar os nossos corajosos limpadores de vidraça alpinistas, que evoluíram para um esporte misto de alpinismo, rapel e balanço...

Só consigo lembrar daquela canção da então dupla Sá e Guarabira, que aprendi na infância:
O sertão vai virar mar
Dá no coração um medo que algum dia o mar também vire sertão...

sábado, maio 02, 2009

Astronomia

— Melancolia nostálgica


quando menino,
fitava demoradamente o céu estrelado
sempre em busca de uma estrela cadente
de brilho raro, embora efêmero.
sobre ela eram mil as estórias de graças alcançadas
—sobre as outras, só se sabia a Astronomia.

varrendo o firmamento
em busca do sonho cadente,
desperdiçava o espetáculo evidente
do Cruzeiro do Sul,
das Três Marias
e das pequenas luzes de brilho intenso
que compõem a constelação de Escorpião.

assim seguiram-se os anos:
o mistério ofuscando a obviedade;
a abundância fomentando a indiferença.

hoje,
quando o ar metropolitano oculta a imensidão astral
e nada se vê através da calota cinzenta,
o que me conforta o espírito
não é a imaginação das tais estrelas
em queda sobre a linha do horizonte,
mas a lembrança saudosa
do Cruzeiro,
das Marias,
e do rosa-avermelhado de Antares
escondidos atrás da cortina de fumaça.


Marcio Giachetta Paulilo
São Paulo, 01 de Julho de 2002