sábado, março 28, 2009

PAPO HIPOTÉTICO NA SALA DE DEUS (réplica)

(Este texto só será integralmente entendido se você ler antes este outro).

--- TRAGÉDIA EM DOIS ATOS ---

Fico sabendo que o Duda, meu grande amigo na Terra, que teve a falta de sorte de falecer junto comigo, conseguiu agendar uma audiência com Deus. E diziam as boas línguas -no céu não entram as más- que o Duda tinha conseguido "benefícios especiais do Todo-Poderoso". Falava-se pelos corredores do Paraíso em 2 dias de sobrevida, uma plástica para embelezamento que o teria deixado a cara do Vanderlei Cardoso e um pacote grande de Rufles. Achei o acordo um pouco bizarro, mas entendi o Duda, afinal é preciso fazer concessões pra conseguir a sorte de voltar. E conhecendo-o bem, sei que ele topa quase tudo por um pacote grande de batata.

Diante daquele precedente, achei que poderia ter a mesma sorte. Entrei na Intranet do Éden e preenchi o formulário. Todo mundo (que morre) sabe que esse formulário existe só pra conter a impaciência dos desesperados, pois Ele é misericordioso mas não tem tempo pra atender toda reclamação. A maior parte dos recursos é indeferida por Querubins, mas isso dá tempo ao Senhor para acalmar as almas inquietas.

Pra ter sucesso no meu pedido eu precisava de uma argumentação contundente. Dessa forma talvez a triagem fizesse meu documento chegar às mãos d'Ele. Além dos dados pessoais e de um anexo com anedotas sobre anjos, escrevi no campo de comentários: "Eu sei de coisas."

Imediatamente após dar "submit" no site de Deus -que tinha o apelido de Isto sim é um Portal- sou chamado na antesala do Divino. Bati na porta, um pouco temeroso.

- Entra!

- E aí, Deus? Belê?

- Opa! Belê, Marcio. Ou melhor, Giacca. A maioria te chamava assim, né?

- Sim, sim. Bom, antes de mais nada, agradeço muito que Você tenha me recebido.

- Que isso! Manda! Como é que Eu posso ajudar...

- Primeiro eu queria explicar o que eu tava pensando quando escrevi aquelas coisas no formulário...

- Hahaha... não tem jeito, todo mundo esquece...

- Puts, é mesmo. Bom a onisciência vai me ajudar bastante agora. Você sabe, eu queria saber se eu posso voltar também.

- Isso todo mundo quer. Mas Eu não posso atender a todos. Imagine a confusão que seria. Iam achar que tinha algum médico eu guru rescucitando as pessoas em Meu nome. Eu ia acabar recebendo um crédito muito maior do que tenho de fato.

- Não seja modesto. Você é considerado um Deus por muitos!

- É Nóis... mas o Duda tinha um bom motivo. Ele assistiu ao Gomorra em DVD, inteiro, menos os letreiros. Você não...

- ... mas só porque não tinha na locadora, senão teria visto. Lembra?

- Véio, o que que vocês têm na cabeça? Graças a Mim que não tinha! E tem mais, se Eu tiver que devolver todos os minutos perdidos com esse filme, Minha vida vai ser um inferno!

- Tá bom, vamos esquecer este. Mas eu também perdi tempo pra cacete: estudei Engenharia...

- Tua escolha. E olha, que teve um monte de gente que tentou te prevenir. Essa você vai ter que arcar sozinho.

- Eu vi Razorback, a trilogia do Chuck, aquele filme Finlandês, o Idiotern. Até filme indiano eu vi!

- Nossa... isso foi um erro Meu.

- O filme?

- Não, a Índia... mas, de novo, não lembro de ninguém te empurrando pra dentro da sala de cinema.

- Vi um monte de filmes Brasileiros, até de porno-chanchada...

- Puta merda! Aquelas calcinhas laceadas eram terríveis! E era sempre o Nuno Leal Maia ou o Vanderlei Cardoso... aliás, você viu o Duda como ficou depois da plástica?

- Não vi, mas me falaram. Pai, longe de mim fazer uma crítica a'O Senhor, mas achei pesada essa punição. O cara vai ter dois dias, podia se divertir muito mais sem a cara do Vanderlei...

- Negão, "there's no free lunch", tá ligado? Mas péra aí! Quem falou em 2 dias?? Eu disse 2 horas e 11 minutos, nem o tempo dos letreiros eu autorizei!

- Bom, o que circula por aí, que o Senhor me perdoe por trazer uma informação nova pr'O Senhor, é que o Duda ganhou 2 dias, a plástica e um pacote de Rufles.

- Foram 2h11 e a plástica. A batata ele pegou da cozinha antes de voltar.

- Bom, eu fiz outras bobagens. Algumas eu não quero ter de contar, embora eu saiba que Você sabe do que se trata. Mas teve coisas que poderiam me valer pelo menos um tempinho...

- Tipo?

- Eu tentei ler a Antígona. Não consegui terminar, mas tentei. E tentei ajudar o Duda, na medida do possível...

- Giacca, vamos esquecer esta história, que Eu quase te mandei pro concorrente!

- Tá bom, mas eu juro que não fiz com dolo!

- A gente sabe, só o Duda acha que não. Mas já que você não tem nenhum argumento realmente convincente, vou te pedir pra voltar pra sua nuvem e tocar um violãzinho pra Nóis. Manda um Bachianinha aí, pode ser?

- Pode! Mas eu tenho uma última tentativa! Eu fiz cagadas enormes também. Tive até um Twingo! Lembra?

- PutaqueMepariu!!! Mano, digo, Filho, que merda foi aquela?? Twingo é muito tempo perdido, você tem razão! Ainda mais roxo!

- Como é?

- Twingo roxo!

- Não era roxo, era azul! AZUL MOZART!

- Chega, Giacca. Aquela merda era roxa. Eu sou Divino, não cego.

- Caceta, véio! Quantas vezes eu vou ter que repetir: AZUL MOZART!! Você tá se achando Todo-Poderoso, né?

- ROXO!

- AZUL!

- ROXO!!!

Nosso querido Pai é mesmo misericordioso e tolerante. Mas desaforo tem limite. Ele não gostou quando eu agarrei Ele pela barba e nós saimos rolando pela sala. Mandou chamar os Arcanjos, Querubins e parece que até Nossa Senhora mandou um fax consternada com o acontecido.

O Divino pensou em me mandar pro Inferno. Mas diante da quantidade enorme de reservas que existiam lá pra amigos meus -Paulão, Sil, Pina, Dentinho, Cy, Mélis, Beto, Miel, Naninha, Lavi, Cacá, Marisa, Rafa, Dani, Pedro, Dani, Fabio, Tânia, Walter e até meu irmão e a Patricia, além de mais um monte de gente conhecida- Deus acabou desistindo da ideia. Achou que eu ia até gostar de ir ter com o Diabo. No lugar disso, pensou numa pena mais adequada.

--- FIM DO PRIMEIRO ATO. COMEÇO DO SEGUNDO ---

O Duda abre os olhos e percebe que não era um sonho. Está de bruços na cama e Deus realmente lhe concedera 2h11min de sobrevida, pra ele curtir da forma que ele mais gostava: comendo batata na cama, cochilando. Ele tira uma pestana. Acorda de supetão, de repente, e levanta com os olhos arregalados e uma expressão de terror no rosto, sem acreditar no que ele vê. Era eu, diante dele, apenas de cueca, escovando os dentes e dizendo:

- Duda, cumé? Cumé, Duda. Hein? Cumé?...

--- FIM DA TRAGÉDIA ---

P.S.: Esta história requer conhecimento de fatos que não são autoexplicativos. Sinto muito, um dia eu explico o contexto.

E.T.: O suplício durou 2h11 exatamente. Depois disso, ambos fomos encaminhados ao Inferno pra uma temporada passageira, onde havia inúmeras beldades conosco. Finalmente, a gente se deu bem!

domingo, março 22, 2009

Comê tatu é bom!

Eu vou me apropriar de uma história vivida pelo meu amigo Duda. Ele bem poderia colocar este caso no blog dele, que por sinal é sensacional, mas como a protagonista é uma amiga dele, é grande o risco de transformar o conto numa novela com final infeliz.

Duda e duas amigas no carro. Uma delas, de 21 anos, virgem publicamente assumida, resolve comentar que finalmente entendeu o que os Mamonas Assassinas queriam dizer com aquela frase "comê tatu é bom, que pena que dá dor nas costas".

Silêncio e tensão no carro, pois a donzela dava sinais de que, apesar de casta, já estava compreendendo coisas bizarras da vida. Duda e a outra amiga aguardando a revelação.

- É porque eu vi um anúncio da Viação Cometa. Aí eu entendi: "Cometa, tu é bom; que pena que dá dor nas costas"... todo mundo sabe, né gente, que andar de ônibus é horrível mesmo pra coluna...

Mal estar no veículo. Duda olha pelo retrovisor, buscando uma expressão de sarcasmo na face da virgem. Nada. Ela não estava brincando. A donzela de fato não havia entendido o significado da música e agora estava cada vez mais longe de qualquer sinal de malícia. Como o Duda é um cara educado, contentou-se em dizer: "cara, você ainda não entendeu a música...".

Agora vejam como Deus é sábio. Se fosse eu naquele carro ouvindo o comentário da moça e ela teria me visto esclarecer a canção, provavelmente fazendo um gestual grotesco, mostrando os desafios envolvidos na cópula com o animal de exoesqueleto. Deus sabe mesmo o que faz...

domingo, março 15, 2009

Lanche (e amor) de mãe

Eu e meu irmão mais velho (Fabio) estudamos violão com o mesmo professor, o Alberto Ykeda. Tínhamos aulas particulares individuais, um após o outro, numa sala do Friburgo, colégio onde estamos a vida toda. Isso acontecia uma vez por semana, toda semana, durante alguns anos.

As aulas eram no fim da tarde e invadiam o horário do jantar. Por isso, minha mãe resolveu que a melhor saída seria preparar uns lanches para nós. Enquanto meu irmão tinha aula, eu comia o lanche e aguardava do lado de fora da sala, junto com minha mãe. Depois, era vez de eu ir tocar, enquanto meu irmão fazia o lanche dele, do lado de fora, com minha mãe do lado.

Ela preparava os lanches seguindo sempre o mesmo ritual: um pra mim, um pro Fabio, outra pra ela, este cortado ao meio. Assim, ela nos acompanhava nas aulas e jantava com os dois filhos, comendo uma metade do lanche com cada um. Foram tempos muito felizes, que me fazem lembrar com saudade de minha mãe.

sábado, março 14, 2009

Mandamentos Masculinos

Recebi de um amigo semicarioca (Pili) um desses e-mails com baboseiras que circulam pela Internet, sem autor reconhecido, que a gente normalmente deleta após ter lido metade. Mas nesse caso li até o fim e resolvi eternizar através deste bologue. Não que o texto seja genial, mas achei bem engraçado...

Ah, e é bom lembrar que meu Twingo era AZUL MOZART e não Azul Céu. Portanto, eu não desrespeitei o mandamento número 19...


MANDAMENTOS MASCULINOS

1: Sob nenhuma circunstância dois homens devem dividir um guarda-chuva.

2: É liberado para um homem chorar SOMENTE quando:
(a) Um cão herói salva o seu mestre.
(b) No momento que a Angelina Jolie começa a desabotoar a blusa.
(c) Após bater o carro do chefe.
(d) Ela começa a usar os dentes.

3: Qualquer homem que levar uma câmera para uma despedida de solteiro pode ser morto legalmente e ter seus pedaços grelhados pelos seus amigos.

4: Se você conhece um cara por mais de 24 horas, a irmã dele está fora de limites, a não ser que você case com ela.

5: Reclamar sobre a marca da cerveja grátis no refrigerador do seu amigos é proibido. Entretanto, sinta-se livre para reclamar se a temperatura dela está inconsumível.

6: Nenhum homem deve ser obrigado a comprar um presente de aniversário para outro homem. Mais, até mesmo saber do aniversário do amigo é opcional. Quando sabido, você deve celebrar em um bordel escolhido pelo aniversariante.

7: Em uma viagem longa, é a bexiga mais forte que determina as paradas, não a mais fraca.

8: Você pode flatular em frente a uma mulher somente após levá-la ao clímax. Se você trancá-la em baixo das cobertas para que ela deguste o sabor da sua flatulência, ela é oficialmente sua namorada.

9: É permitido ao homem beber um drinque doce de frutas somente em uma praia paradisíaca… Se ele foi entregue por uma modelo topless e se ele for grátis.

10: Somente em situações de perigo contra a moral e/ou física um homem pode chutar outro nos testículos.

11: Amigos não deixam amigos usar sungas. Nunca. Ponto final.

12: Se a braguilha de um homem está aberta, é problema dele, você não viu nada.

13: Mulheres que dizem “amar esportes” devem ser tratadas como espiãs até que elas demonstrem conhecimento do jogo e a habilidade de beber tanto quanto verdadeiros amantes dos esportes.

14: Nunca hesite em pegar o último pedaço de pizza ou a última cerveja, mas não os dois, isso é simplesmente mesquinharia.

15: Frases que NUNCA devem ser usadas por um homem para outro homem enquanto ele levanta pesos:
a) Yeah, Baby, Levanta isso!
b) Vai cara, me dá mais uma! Força!
c) Mais uminha e vamos para o chuveiro!

16: Nunca converse com um homem em um banheiro público a não ser que você esteja em situação igual a dele. Exemplo: Ambos urinando, ambos na fila, etc. Para todas as outras ocasiões, um balançar de cabeça quase imperceptível é o suficiente.

17: A manhã após você e a garota que era “Apenas uma amiga” tiveram uma troca de fluídos selvagem, quente e bêbada, e o fato de você sentir-se estranho e culpado não é uma razão óbvia o bastante para não pegá-la novamente antes que ocorra aquela discussão sobre quão grande fora aquele erro.

18: É aceitável que você dirija o carro dela. Não é aceitável que ela dirija o seu.

19: Um homem não deverá comprar um carro nas cores: Marrom, Rosa, Verde Limão, Laranja ou Azul Céu.

20: A garota que responde a questão “O que você quer de Natal?” com a frase “Se você me amasse, saberia.” ganha um Playstation 3. Fim de história.

BÔNUS: Todos ouvimos falar sobre um homem possuir estômago e colhões, mas você sabe diferenciá-los? No esforço de lhe manter informado, eis a definição de cada um:

- “ESTÔMAGO” é chegar em casa tarde da noite após sair com a galera, ser pego pela mulher na porta lhe esperando com a vassoura e ter a audácia de falar: “Você ainda está limpando ou vai voar para algum lugar?”

- “COLHÕES” é chegar em casa tarde da noite após uma noitada com a galera fedendo a perfume barato, com bafo de bebida e marcas de batom na camisa, bater na bunda da sua mulher e ter os colhões de dizer: “Você é a próxima!”

sexta-feira, março 13, 2009

Roubei, não nego, mas me vi sentado no divã

Sei que é feio roubar post de outros blogs, sobretudo de gente conhecida e relativamente próxima. Mas não pude resistir.

Em minha defesa, quero apenas dar crédito ao verdadeiro autor (do post, não da charge): Júlio Bahr, escritor e publicitário, pai de um grande amigo meu, Fabio (jornalista e também bom escritor).

Maravilhas da mala-direta (ou Crise de identidade)

Recebi uma mala-direta (e o termo "mala" nesse caso pode ser usado pra descrever também a encheção de saco) interessante. Por mais que eu entenda as dificuldades de se manter um cadastro atualizado e limpo, esta carta superou qualquer expectativa de desorganização.

Dizia assim:
Ap 112,
Você vive em São Paulo.
E é vizinho do mundo inteiro.

Mais adiante, o texto seguia:
Temos um grande respeito por você, Ap 112, por ser uma pessoa especial e por residir na mesma São Paulo com 455 anos de hitória. (...)

E no anteverso da correspondência, a coerência continuava:

Ap 112
Av xxxxxx, 277 - Ap 112
Indianopolis
xxxxx-xxx - São Paulo - SP

Não que eu me impressione com malas-diretas nominais, mas acho que a Abril perdeu uma grande oportunidade de me provocar alguma simpatia. Se a qualidade das revistas repetir a do cadastro, eu tô ferrado!

Mas a parte mais interessante mesmo foi a informação do boleto (sim, porque hoje em dia nego manda primeiro a conta, depois vai ver que produto ele pode entregar):
Valor: 47,43
Vencimento: 27/03/2009
Sacado: Ap 112

E como toda bosta só está completa com um chantilly por cima, o porteiro do meu prédio, ao fazer a triagem da correspondência recebida, escreveu a tinta no canto do envelope, pra não deixar dúvida:
Ap 112

Depois reclamam quando a gente tem crise de identidade...

terça-feira, março 10, 2009

Vamos começar colocando um ponto final... na Índia

Esse título genial não é meu, é do Paulinho Moska. Roubei a idéia pra dar continuidade e terminar um assunto iniciado antes, mas ainda não concluído. É sobre a minha opinião a respeito do filme indiano e da marmelada do Oscar.

No fim de semana passado, finalmente assisti ao filme Quem quer ser um milionário?, do Diretor inglês que se aproximou de Bollywood. Diferentemente da minha expectativa, admito que o filme é bem legal - tem boa história, foi bem filmado, bem editado. Ou seja, o filme é bom.

Agora, ainda na minha exclusiva opinião, it takes more than a good film to grab an Oscar. Fala sério! A história é boa mas não chega a ser original, pois recicla a ideia do filme Quiz Show (obrigado ao Pina por lembrar o nome do filme). Na película de 1994, no entato, havia trapaça de fato, o que não ocorre no filme angloindiano. O corte e o enquadramento das cenas são ótimos, mas os atores são sofríveis. As cenas de miséria, embora verídicas, me lembram aqueles filmes brasileiros que mostram informações também verdadeiras mas desnecessárias pro mundo. E, por fim, o filme nos faz torcer por um protagonista que fez muita coisa errada na vida e tem justamente na vida atribulada a explicação para sua verdade diante do programa. Só que eu me senti meio estranho torcendo por um garoto que roubou e tapeou um monte de gente pra sobreviver em meio a uma Mumbai caótica.

Quando fiz esses comentários para pessoas que viram o filme, ninguém refutou. Ao contrário, reconheceram de fato que não foi nem originalidade, nem primazia na atuação que causaram uma boa percepção sobre a trama. Foi apenas simpatia pela história e pelo personagem principal. E isso reforçou minha pergunta: mas então merecia 8 estatuetas? A resposta das pessoas foi "não lembro dos prêmios, talvez não tivesse nada melhor mesmo".

Acho que o argumento tem sentido, em princípio. O prêmio do cinema americano é mesmo comparativo: se não tem nada melhor concorrendo, leva a melhor o que não necessariamente é bom. Portanto, achei que deveria levantar a lista de prêmios e analisar cada troféu. Encontrei o seguinte:

(1) Melhor filme - Esta foi ridícula. Não vi Milk pra saber se o filme em si é bom, mas O curioso caso de Benjamin Button é muito mais filme no geral. Discordo da idéia de que o concorrente fosse bom apenas nos efeitos especiais. O conto original é genial, a adaptação foi muito feliz e o filme é de matar, deixando as pessoas pensando por muitas horas após o filme. Depois do Milionário só fiquei pensando em como estava tudo errado no Oscar. MARMELADA!

(2) Melhor direção - Dos concorrentes, acho o Ron Howard o melhor (Mente Brilhante, Codigo da Vinci). Neste ano, o páreo estava com o David Fincher (que também é muito bom, fez Seven, Clube da Luta). Entendo que tendo um azarão com baixo orçamento na corrida, a Academia ia puxar a sardinha pro inglês. Não acho que o Danny Boyle tenha sido tão mais genial que os competidores do ano. Ele foi mais eficiente e mais econômico. Se houvesse um prêmio por melhor otimização do capital investido, Danny seria o cara. Mas a melhor direção é questionável. O que acho que foi talvez brilhante no diretor é que ele transformou um bando de indianos medíocres em atores globais. Nesse sentido, vou apoiar a decisão. MERECIDO!

(3) Melhor roteiro adaptado - Na minha opinião, o melhor roteiro adaptado é o Curioso Caso. O conto orginal é fantástico e o roteiro adaptado se manteve à altura. Dizem que o livro do Milionário é muito bom também, mas não me parece que o roteiro tenha tido grandes desafios de adaptação, era apenas uma narrativa. A idéia deste prêmio é favorecer o maior esforço de adaptação. Ou seja, é difícil escrever uma história com um único personagem que anda contra o tempo e criar diálogos e situações plausíveis com os demais personagens. Já descrever uma história cronológica de um garoto que teve uma vida difícil me parece bastante parecido com o livro original. Acho que deveria entregar a estatueta para o autor do livro, não para o roteirista. Ou então, mandar por FEDEX para os EUA. MARMELADA!

(4) Melhor fotografia - Isto é um fato. A fotografia é mesmo boa. Simples, sem helicópteros e gruas gigantes, mas o posicionamento da câmera e sequência de imagens é muito interessante. As cores também são muito importantes no corte e dividem as narrativas do filme: uma parte ágil e moderna, falando sobre o programa; uma parte dura com cara de denúncia, para contar a história do protagonista e a realidade da Índia. Achei que A Troca era pário nesta categoria, mas aí não podemos questionar o mérito do indiano. MERECIDO!

(5) Melhor mixagem de som - A música é bacana, dá ritmo ao filme, mas não nada do outro mundo. Num ano típico, o prêmio teria ido para o Batman. Não foi absurda a indicação, mas rolou alguma mudança de critérios. Tanto foi assim, que o Batman ganhou melhor edição de som. Aliás, alguém endendeu por que inventaram este novo prêmio de mixagem?? Qual é a idéia? É premiar a melhor mistura de trilha incidental, música original e efeitos sonoros? Não tem muita sobreposição com os prêmios de trilha original, edição de som e melhor canção?? MARMELADA!

(6) Melhor trilha sonora - Se o que chama atenção no filme é a dinâmica que a trilha incidental proporciona, e isso não foi coberto na melhor mixagem, então tudo bem, realmente não havia concorrente melhor. Mas isso já não teria sido premiado na melhor canção ou na melhor mixagem?? Não é muito prêmio pra uma mesma coisa?? MARMELADA!

(7) Melhor canção - De novo??? A música era uma só. Na verdade eram várias, mas não havia trilha incidental hipercomplexa, nem uma grande composição. Apenas uma música adequada ao filme (aliás, bastante adequada). Mas isso deveria ser reconhecido na melhor trilha. Mas melhor canção?? Qual?? Aquela do final, na estação de trem, com aquela dancinha ridícula dos atores?? Poupe-me... O problema é que não dá pra criticar muito a escolha, afinal o filme estava concorrendo com ele mesmo!!! Sim, porque só haviam mais 2 competidores, um do próprio filme indiano, outro do Wall-e. Não dá pra dizer foi erro, portanto, mas ficou feio criar uma categoria com 67% de chance de vencer... MARMELADA!

(8) Melhor edição - Aqui eu acho que é verdade: a edição (corte) é ótima. Mas considerando que a atuação dos atores em si foi patética e que já premiamos o indiano por melhor roteiro (questionável) e melhor fotografia (fato), acho que o Diretor deve ter tido tempo de sobre pra se dedicar ao corte. De novo, me parece que estamos dando valor dobrado a uma mesma dimensão: o que salva o filme é a realmente edição e a fotografia. Pra que dar o premio de melhor Diretor então pro inglês?? Aqui acho que não foi marmelada, talvez erro de contagem... De qualquer forma, acho que este faz sentido. MERECIDO!

Bom, pra fechar meu argumento, basta dizer que o indiano era meio azarão, ninguém esperava tanto reconhecimento. Os próprios atores presentes faziam cara de espanto. Não sei dizer qual foi a causa pra esse exagero, se por causa de aproximação com a Índia, se por influência de acordos paralelos em andamento com produtoras indianas, se por mera empolgação com o curry. Talvez muitas novidades sobre a Índia tenham deixado o país em alta e influenciado a decisão do juri. Mas na minha opinião, a premiação foi exagerada em pelo menos 5 estatuetas.

Fato importante final: nada do que eu diga vai mudar o rumo da história, nem o reconhecimento deste filme. Mas pelo menos eu desabafei...

sexta-feira, março 06, 2009

A viagem do elefante no quadrado

Diz aí DJ...
Ago, A-Ago,
Cada um lendo um romance do Saramago...

Puta que me pariu! - Parte I

O Brasil tem dado demonstrações incríveis do nosso nível de desenvolvimento humano ao mundo.

Primeiro, apresentamos uma pseudogestante bipolar automutiladora e crítica política, que nos deixou com a imagem arranhada diante do planeta - pelo bizarro do fato em si e pelo despreparo de nossa diplomacia internacional.

Agora, encontramos um estuprador pedófilo recorrente, que abusou de duas afilhadas (uma irmã de 14 anos e deficiente mental; outra caçula, com 9 anos!). Pra piorar o quadro, a mais jovem engravidou e foi submetida a aborto conforme previsto em lei. Como se não bastasse, um bispo nordestino declarou aos quatro ventos que todos os envolvidos (legisladores, médicos, policiais e estuprador, poupando apenas a pobre infante) estavam irremediavelmente excomungados! Sim, uma punição divina pra uma boa ação (pois a menina corria risco de morte se continuasse a gestação).

E mais uma vez, viramos notícia nos jornais do mundo - pelo grotesco do fato em si e pelo agravamento do comentário da Igreja sobre o caso. A única diferença é que desta vez temos reforços globais: o Vaticano e a CNBB apoiaram a declaração do bispo desajustado, alegando que perante Deus "o aborto é mais grave que o estupro". Talvez o Maluf tenha se apoiado nessa tese católica para disparar seu famoso "estupra, mas não mata!".

Essa história toda me deu tranquilidade pra continuar dormindo todo domingo até tarde e nunca mais pisar numa Igreja. E no meio da lama generalizada, gostei da declaração do Lula sobre o caso: "a medicina foi mais correta que a Igreja; fez o que tinha que fazer pra salvar uma vida".

Conclusão: Posso ser excomungado também, mas por esta Igreja não consigo sequer ter respeito.
Corolário: Pobre de um país que vê no Lula seu melhor porta-voz.

Intolerância, modos e ironia na educação de adolescentes

O Friburgo era um colégio bastante tolerante. Algumas vezes, até demais. Mas os professores, via de regra, consentiam com um volume considerável de conversas paralelas de alguns alunos mais levados, como o Duda, o Rafa, o Fabio etc.

Eu, como sempre, mantinha uma postura responsável e inatacável, fazendo comentários pertinentes e adequados ao contexto. (Se você que me lê não tem sensibilidade à ironia, pare agora pois a coisa tende a piorar).

Mas mesmo os seres humanos sensacionais como eu têm seus deslizes. Numa aula cansativa de Biologia, com a professora e língua-presa Selma, havia um contexto qualquer pra eu andar pela sala. Sabe uma dessas situações em que claramente o professor quer que a gente ande pela sala? Então, numa dessas caminhadas, sem querer, dei uma topada séria no pé de uma carteira e, numa atitude digna de qualquer cidadão correto, dei um grito de fúria e dor.

- Puta que me pariu! Caralho!

A Selma, professora, lingua-presa e coxa-creme, ficou possessa com minha interjeição e me repreendeu duramente.

- Marcio, você acha que está na sua casa? Ninguém aqui é obrigado a ouvir seus maus modos!
- Mas, Selma, eu tropecei na mesa e gritei de dor...
- Não me interessa, na próxima você vai pra Diretoria!

A Diretora era a Dayse. Não lembro se Dayse ou Daysi - ou talvez Daisy - mas sei que era com ipsilon. A Daysi era até bastante calma, mas a gente tinha medo da autoridade dela. Ela tinha o cabelo tingido de roxo, o que a deixava parecida com o Walter Dávila. E provavelmente porque a gente sabia que as pessoas que têm ipsilon no nome e parecem o Walter Dávila são instáveis e imprevisíveis, ficávamos quietos diante da ameaça de visitar a Daisy.

No entanto, eu havia ficado inconformado com a bronca. Ora, logo eu que sempre fui um espetáculo de ser humano, vou levar uma lambada daquelas publicamente, apenas por ter proferido uma interjeição de dor? Aquilo nem era um palavrão dado o contexto.

Então, aproveitei-me de outra oportunidade de dar um passeio pela classe e simulei uma nova pancada na mesa. Desta vez, no entanto, adequei o linguajar aos bons modos esperados pela Selma, mas de forma que ela percebesse a incoerência de não usar palavrões diante de um dedo latejante. Logo após a topada simulada, esbravejei como se cuspisse a frase toda numa só palavra:

- Ai-minha-nossa-senhora-valei-me-de-vossa-benevolência-divina!
- Marcio, já pra Dayzzzy!! - com voz de língua-presa.
- Mas, Selma, eu não falei palavrão nenhum!

Infelizmente, a Selma não captou minha ironia. Na verdade, captou, mas não gostou da atitude. Tentei relatar o fato com riqueza de detalhes para a Dayse, mas ela não me apoiou, passou-me um 'sabão' e me fez ficar o resto da aula na Diretoria.

Nunca entendi porque tamanha intolerância da Selma diante de uma pequena ironiazinha. Havia uma afirmação importante por trás daquilo que pra ela parecia apenas um desaforo. Já da Daisey, o que esperar? Ela tava muito parecida com o Walter Dávila naqueles dias. Acho até que houve um momento em que a ouvir dizer "sábo-lho!", mas isso deve ter sido apenas delírio da minha mente influenciado por sua imagem.

O que importa é que esse episódio me serviu de lição. Aprendi que não devemos ironizar nossos educadores. O melhor comportamento é imitá-los pelas costas ou ridicularizar suas características através de piadas sarcásticas, mas sempre de forma velada. (O processo educacional dos adolescentes da minha geração era mesmo incrível, não acham?)

segunda-feira, março 02, 2009

Azul Mozart

Eis a prova irrefutável de que meu antigo Twingo era AZUL MOZART (e não roxo, como insistem alguns idiotas por aí...).



See??